Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - 2019
EDUCAÇÃO DE SURDOS INDÍGENAS EM UMA COMUNIDADE PANKARARU NO INTERIOR DE PERNAMBUCO: EDUCAÇÃO INCLUSIVA, EDUCAÇÃO BILÍNGUE OU O QUÊ?
Autor: Bruno Henrique da Silva
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: Este trabalho apresenta a realidade da educação de surdos indígenas de uma comunidade da etnia Pankararu, localizada no interior do estado de Pernambuco, a partir de entrevistas com dois surdos e de suas famílias. Discutimos, a partir dos relatos dos familiares e da dificuldade de entrevistar os próprios alunos indígenas surdos em LIBRAS, como a educação para esses alunos vem sendo proposta na aldeia (de forma bastante distante do que é previsto pela legislação, especificamente pela lei 10.436 de 2002 e pelo decreto 5.626 de 2005, que asseguram o reconhecimento da LIBRAS como língua e garantem o acesso das pessoas surdas à educação). Problematizando os modos como a educação dos surdos indígenas dessa comunidade Pankararu vem sendo feita, tendo como base os estudos da educação bilíngue para surdos e o trabalho do profissional tradutor e intérprete de LIBRAS na esfera educacional, pretendemos evidenciar o quanto ainda é necessária a formação de profissionais (inclusive e principalmente indígenas) nesse sentido, para que uma educação inclusiva bilíngue possa se fazer, de fato, dentro das comunidades indígenas.
Surdos tradutores de seus conteúdos em redes sociais
Autora: Flávia Vieira de Lima
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: Este trabalho é construído através de relatos vivenciados por mim no meu convívio e atuação ao lado de pessoas surdas, que trabalham se comunicando com seu público prioritariamente através de redes sociais, mais especificamente duas delas: YouTube e Instagram. Os relatos apresentados serão focados nos processos de tradução dos conteúdos desses surdos, apontando que eles são autores e tradutores de seus vídeos, de forma que, podem ser considerados tradutores surdos de Libras e Português por realizarem essa prática em mídias sociais. Meu objetivo aqui é mostrar que cada vez mais os surdos que fazem uso de redes sociais para visibilizar seus pensamentos e se posicionarem, compreendem a importância do bilinguismo nas mensagens a serem transmitidas. Essa possível constatação faz com que eles ajam em relação a essa demanda, traduzindo para o Português seus vídeos e, também, em alguns casos, traduzindo para a Libras acontecimentos e mobilizações sociais. Acompanhar de perto alguns desses trabalhos me fez pensar na importância de ressaltar que surdos podem ser tradutores e tradutoras de Libras e Português, assim como os ouvintes. Neste trabalho, exemplifico alguns desses modelos de tradução, relato minha experiência e contribuição para eles e defendo que essas práticas, mesmo quando executadas sem formação teórica formal do campo da tradução, são práticas tradutórias que perpassam pelas mesmas etapas (culturais e lingüísticas) de processos tradutórios realizados por ouvintes.
A ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE DE LIBRAS: UM ESTUDO SITUACIONAL SOBRE MICROEXPRESSÕES FACIAIS
Autora: Giovana Teixeira de Mendonça Cerantola
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo discutir e problematizar o conceito de imparcialidade do intérprete de libras (Língua Brasileira de Sinais), a partir da análise das microexpressões faciais produzidas por ele,descrevendo as expressões faciais exibidas por esse profissional em situação de interpretação de um discurso emocionalmente carregado. Tendo em vista que as microexpressões são emoções sutis que aparecem na face ao tentarmos oprimir uma emoção especifica, o trabalho visa analisar um vídeo em momento de atuação do intérprete, em uma situação em que ele não tem conhecimento prévio do material que ele vai interpretar. Com base nesses dados, procuramos descrever as microexpressões faciais, a fim de evidenciar possíveis emoções contidas pelo intérprete. A partir das análises, foi possível verificar por traz de atuações tidas como imparciais, há um intenso trabalho do profissional intérprete para conter formulações que transpareçam aspectos da sua subjetividade. A análise das microexpressões, contudo, revela que nos mínimos detalhes da gestualidade facial, é possível identificar índices de emoções provocadas pela situação de tensão em questão. Essa discussão chama a atenção para a necessidade de conceber o profissional intérprete de libras como um ser humano (e não como mero condutor de informações de uma fonte A para um destino B) e que, atuando em situações o que colocam em desconforto, por vezes, manifestará, ainda que expressões mínimas, concepções e percepções complexas de sua subjetividade.
TRADUÇÃO AUDIOVISUAL DA LIBRAS A PARTIR DO GÊNERO INSTITUCIONAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: O CASO DA SÉRIE "QUE CURSO EU FAÇO?" DO LAbI/UFSCAR
Autora: Lis Maximo e Melo
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: A recente produção de filmes acessíveis em Libras foi impulsionada pela Lei Brasileira de Inclusão, 13.146/2015, que dispôs sobre o uso da janela de Libras nas transmissões de radiodifusão de sons e imagens em todas peças políticas audiovisuais. Em 2016 a Agência Nacional de Cinema (ANCINE), pela publicação da Instrução Normativa no 128, que regulamentou a acessibilidade de toda produção cinematográfica brasileira. Como efeito, vídeos dos mais diferentes gêneros vêm sendo traduzidos para Libras. Entretanto, devido ao campo ser extremamente novo e a formação desses profissionais estar, ainda, em construção, não se sabe, ao certo, quais são as estratégias que esses profissionais utilizam para lidar com essa demanda tradutória. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo descrever as estratégias de tradução a partir de vídeos institucionais de gênero divulgação científica produzido pelo Laboratório Aberto de Interatividade para Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI) realizada por dois tradutores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A pesquisa, que é de abordagem qualitativa, tem como fundamentação teórico- metodológica a perspectiva bakhtiniana de estudos da linguagem, os estudos da tradução e interpretação da língua de sinais e os estudos sobre a linguagem audiovisual. O dispositivo metodológico para a descrição das estratégias de tradução é a autoconfrontação simples no qual os tradutores participantes assistiram ao vídeo por eles traduzidos e comentaram sobre as escolhas e estratégias à medida em que foram assistindo-se em atividade. Os enunciados foram transcritos conforme proposta de transcrição intramodal e intermodal de Nascimento (2016) separando as estratégias relatadas em duas categorias: (i) os temas em comum aos dois tradutores e (ii) os temas individuais relatados. Foram reconhecidas estratégias comuns a partir do estudo prévio, do trabalho em equipe, do público alvo e recursos enunciativos-discursivos. Espera-se que essa pesquisa contribua diretamente com a formação de tradutores de Libras para atuarem nas produções audiovisuais demandadas socialmente na atualidade.
O TRABALHO EM EQUIPE NO CONTEXTO DA INTERPRETAÇÃO ENTRE LÍNGUA PORTUGUESA E LIBRAS: UMA EXPERIÊNCIA NA ESFERA COMUNITÁRIA
Autora: Luiza Pedrosa
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: Este trabalho apresenta e discute a atuação de uma equipe de tradutoras/intérpretes de Libras (TILS) em um curso oferecido à comunidade e que tem como objetivo levar informações à grupos de mulheres a partir de formação acerca de seus direitos. O curso é oferecido em uma cidade no interior do estado de São Paulo e é realizado semanalmente, envolvendo diferentes temas que estão interligados ao cotidiano da comunidade feminina (como, por exemplo, saúde da mulher, proteção contra violência doméstica e orientação jurídica). No momento em que o encontro se tornou acessível para mulheres surdas, entrou em questão o trabalho da equipe de TILS, que passou a atuar em um contexto que caracterizamos aqui de comunitário. Portanto, com esta pesquisa de cunho qualitativo, pretende-se apresentar a organização da equipe de TILS atuante nos encontros semanais desse curso, apresentando e problematizando a necessidade de organização prévia e posterior da equipe de interpretação considerado mais adequado para o trabalho a ser desenvolvido, investigando quais são as estratégias adotadas por essa equipe.
POR UMA HISTÓRIA ORAL DOS TRADUTORES/INTÉRPRETES DE LIBRAS: DISCUTINDO A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Autora: Renata Ferreira
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo discutir a elaboração de um projeto de história oral de tradutores-intérpretes de língua de sinais (TILS) e, a partir da narrativa oral, buscar entender em que se que constituem esse saber do que vou chamar aqui de ‘primeira geração’, isto é, o grupo formado por aqueles que, iniciando atividades de tradução e interpretação libras/português entre os anos de 1980 e 2000 em contextos de comunidades evangélicas, passaram, posteriormente, a atuar profissionalmente como intérpretes de Libras (língua brasileira de sinais) no campo que foi iniciado a partir das diversas lutas que esses mesmos intérpretes, em parceria com a comunidade surda, desempenharam na reivindicação pelos direitos dessa comunidade (SILVA, 2012). Este projeto se justifica na medida em que estamos num momento histórico de transição na constituição do perfil profissional dos tradutores-intérpretes de libras/português no Brasil: por determinação legal, com a abertura de cursos superiores de formação em tradução e interpretação em libras/português, os tradutores-intérpretes profissionais deixam de ser formados informalmente em comunidades religiosas e passam a ser formados em cursos superiores nas universidades. O registro da experiência acumulada pelos tradutores/intérpretes da primeira geração que hoje atuam profissionalmente, já com mais de vinte anos de atuação e com grande notoriedade entre a comunidade surda, é um importante trabalho a ser feito, mas até agora ainda não desenvolvido. Certamente, a narração de experiência dessa geração de intérpretes traz uma importante contribuição para formação da nova geração de intérpretes, pois, sem memória e sem projeto, não há produção de conhecimento. A partir da entrevista concedida, analisaremos, tomando como base os procedimentos de Leite (2004) em seu trabalho com história oral, o sistema de conhecimentos, suposições e crenças que os formadores de intérpretes têm em relação à formação de novos intérpretes e às competências necessárias para atuação nesse campo de atuação profissional. Essa é uma pesquisa qualitativa com estudo de caso por meio de entrevista semiestruturada, entrevistamos um intérprete profissional de uma Universidade Federal que trouxe o seguinte resultado: observamos pela fala do entrevistado a importância da aproximação do intérprete do contexto em que ele pretende atuar, pois experiência direta com o espaço de atuação e as trocas que nele se estabelecem são elementos importantes nas práticas formativas.
ENEM EM LIBRAS E A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA PELO OLHAR DOS SURDOS
Autora: Sueli Fioramonte Trevisan
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a mais expressiva avaliação do Brasil, pois são milhares de estudantes que realizam essa avaliação todos os anos. Ao longo do tempo ela vem se modificando para atender demandas sociais variadas como o ingresso no ensino superior, com base na nota obtida na prova e nas inscrições em universidades por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A partir de 2017 tivemos a aplicação desse exame em Libras. Com isso, essa pesquisa se propôs a observar se esta nova proposta é suficiente para promoção da acessibilidade educacional, assegurando a igualdade de condições de ingresso no ensino superior. Nesta pesquisa, portanto, verificou-se a ausência ou não de práticas educativas que contemplem o gênero prova em Libras na educação básica. Para esse percurso, baseamo-nos nas teorias de Bakhtin (1992; 2003), assim como na teoria históricocultural de Vygotsky, da obra Pensamento e Linguagem (1989) e dos autores dos Estudos Surdos (SKLIAR, 2005; QUADROS, 2006; LACERDA, 2009; MARTINS, 2013, entre outros), mais as perspectivas de participantes surdos que fizeram a prova do Enem em Libras. Com essa proposta verificamos se o gênero prova em Libras, na fala dos participantes, foi anteriormente ofertada em sua educação básica ou se seu contato com esse gênero se deu apenas neste exame final. Esta é uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória e descritiva com estudo de caso, por meio de entrevistas semi-estruturadas. Nesse sentido, efetuamos primeiramente um levantamento bibliográfico em documentos oficiais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) referentes ao Enem, bem como realizamos as leituras teóricas nessa direção. Em seguida, entrevistamos quatro candidatos surdos que passaram pelo processo da prova em Libras para trazer considerações sobre esta avaliação. Os resultados demonstram que os surdos ficaram muito satisfeitos em realizar a prova em Libras, afirmando que sua língua e suas necessidades foram respeitadas. Entretanto, foram relatadas dificuldades durante a educação básica, principalmente pela ausência de provas em Libras neste período de escolaridade. Entendemos que os desafios enfrentados pelos surdos na falta de contato com as avaliações em Libras na educação básica de modo algum justifica a retirada da prova do Enem em Libras, uma vez que ela de fato promove bem-estar aos surdos e representa o empoderamento dessas pessoas. Todavia, a pesquisa aponta para a necessidade de revisão das bases educacionais para a efetiva inclusão educacional das pessoas surdas, ampliando suas práticas e experiências enunciativas em Libras, promovendo novas propostas curriculares de fato bilíngues.
TRADUÇÃO COMENTADA DA ESCALA DE ANSIEDADE EM MATEMÁTICA (EAM) PARA A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)
Autor: Vitor de Souza Dias
Ano de conclusão: 2019
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo geral realizar a tradução comentada da Escala de Ansiedade a Matemática (EAM), desenvolvida por Carmo (2008) no Laboratório de Estudos Aplicados à Aprendizagem e Cognição (LEAAC) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), para a língua brasileira de sinais (Libras). A tradução aqui descrita foi a primeira etapa de um projeto maior para a avaliação da ansiedade em matemática de educandos surdos. Para fundamentar este estudo foi realizada uma articulação entre as contribuições do pensamento bakhtiniano para o estudo da tradução intermodal, os estudos da tradução sobre protocolos avaliativos e as pesquisas sobre tradução comentada. A EAM é composta de 25 questões com 5 respostas sobre a temática da ansiedade à matemática em contextos educacionais. A tradução foi realizada com uma equipe de quatro pessoas (dois docentes do departamento de psicologia, um aluno de pós-graduação da educação especial e um aluno de graduação do curso TILSP - UFSCar) e aconteceu no Laboratório de Tradução Audiovisual da Língua de Sinais (LATRAVILIS/DPsi/UFSCar) em 5 etapas: (i) estudo prévio do material por cada membro da equipe; (ii) estudo coletivo do material; (iii) gravação da tradução; (iv) validação da tradução por consultores surdos e ouvintes; e (v) regravação da tradução com base nas sugestões dos consultores. A avaliação do gênero e do público alvo, considerando sua cultura e língua, foram aspectos de extrema importância no processo, pois a tradução foi construída pensando em como este material seria compreendido por crianças surdas. Diante disso, a equipe de tradução pensou, dentre outros pontos, em quais sinais seriam mais adequados, tendo em vista as diferenças culturais dos públicos envolvidos na avaliação e em como deveria ser apresentada a datilologia a partir das questões culturais do público-alvo da tradução. Dentre os desafios da tradução, a manutenção de termos específicos, devido a condição hermética do gênero, se apresentou como o maior, uma vez que, do ponto de vista bakhtiniano, não há correspondências entre línguas. Um outro ponto que se apresentou como desafio foi a diferença entre as modalidades de língua e de uso da língua: texto escrito em português e texto sinalizado em Libras. Espera-se que, com essa pesquisa, discussões sobre a tradução de protocolos avaliativos seja iniciada por tradutores e intérpretes de língua de sinais, bem como por profissionais que se interessam em realizar avaliações psicológicas, linguísticas e educacionais com sujeitos surdos.