Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - 2022
TRADUÇÃO AUDIOVISUAL DA LÍNGUA DE SINAIS EM OBRAS CINEMATOGRÁFICAS: UMA ANÁLISE DO PROCESSO TRADUTÓRIO DO DOCUMENTÁRIO “MEU CORPO É POLÍTICO”
Autora: Bruna Emiliano
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: Com o avanço da promoção de acessibilidade impulsionada pelas políticas púbicas, como a Lei 10.098/00, o Decreto 5.626/05 e a Lei Brasileira de Inclusão n.º 13.146/2015, e com a criação das Instruções Normativas (IN) da Agência Nacional de Cinema (ANCINE), que procuram incentivar a produção de obras audiovisuais brasileiras com recursos de acessibilidade como a Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE), a Audiodescrição e a Janela de Libras, as pesquisas na área da tradução audiovisual da língua de sinais (TALS) vêm crescendo significativamente no Brasil. Este trabalho de conclusão de curso surge após pesquisa de iniciação científica realizada nos anos de 2019 e 2020 que encontrou inúmeras dificuldades para acessar este material audiovisual produzido com acessibilidade e encontrou discrepância na aplicação das janelas de Libras sobre as obras. O objetivo deste estudo foi investigar as estratégias e processos tradutórios empregados no documentário “Meu Corpo é Político” de Alice Riff que, na versão aqui utilizada, apresenta uma proposta de posicionamento das janelas de Libras distintas das regras propostas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelo Ministério da Cultura por meio do Guia para produções audiovisuais acessíveis. Adota-se, como dispositivo metodológico, a autoconfrontação simples, que permite ao protagonista de uma atividade se deparar, discursivamente, com seu próprio fazer. O dispositivo permite ao participante refletir sobre suas práticas e escolhas tradutórias, além de possibilitar a percepção dos registros temporais de um trabalho já concluído, de forma crítica. O dispositivo, neste estudo, foi realizado de maneira virtual com os dois tradutores da obra escolhida. A pesquisa é de natureza qualitativa, e, como fundamentação teórica, se sustenta na perspectiva bakhtiniana de língua e linguagem, nos estudos sobre a tradução audiovisual acessível (TAVa) e nos estudos da tradução e interpretação de língua de sinais (ETILS). Para análise dos dados, partes da autoconfrontação foram transcritas de acordo com as propostas de Nascimento (2016) e Melo e Nascimento (2021). A pesquisa mostrou que há grandes atravessamentos dos tradutores pela obra e, ao assistir novamente seu trabalho, acabam questionando suas escolhas em diversos âmbitos, assim como também percebemos que há grande descaso com a adição dos recursos de acessibilidade nas produções audiovisuais.
NARRATIVAS EM LIBRAS COMO DISPOSITIVO FORMATIVO PARA TRADUTORES E INTÉRPRETES DE LIBRAS VOLTADAS AO PÚBLICO INFANTIL SURDO
Autora: Jéssica Leite Pereira Moreira
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: A atuação de tradutores e intérpretes de Libras/Língua Portuguesa com crianças surdas é um desafio grande, ainda mais quando as crianças estão em processo de aquisição tardia de linguagem, como ocorre comumente com o público infantil surdo. Este trabalho tem o objetivo analisar as estratégias usadas para a construção de versão de narrativas em Libras, voltada para as crianças surdas, considerando que elas ainda estão em processo de aquisição de linguagem. Ou seja, entender as possibilidades da construção de enunciados com descrições imagéticas e elementos visuais que favorecem a interação e compreensão da criança surda por meio de histórias literárias ou de produções didáticas pela Libras. Para a pesquisa selecionamos materiais literários em Libras do projeto #CasaLibras e que foram indicados como produtos favoráveis para a comunidade infantil surda pela qualidade discursiva e pela visualidade na produção enunciativa. Como procedimento metodológico, sucederam análises de vídeos de narração de histórias infantis deste projeto. Tais análises irão contribuir para a formação de tradutores e intérpretes de Libras/LP na medida em que destacamos recursos estruturais visuais na composição de elementos imagéticos em Libras voltados às crianças surdas. As etapas da pesquisa foram: selecionar 6 (seis) mídias produzidas por 3 (três) surdos e 3 (três) ouvintes no projeto #CasaLibras; Enviamos para um grupo de crianças surdas indicarem quais as narrativas lhes foram mais agradáveis; levantamos as mídias selecionando os materiais mais votados; entrevistando cada um dos narradores dos 3 vídeos mais votados; levantamos pontos de destaques de estratégias visuais. Como resultado, a pesquisa evidenciou que os componentes apresentados acerca de estratégias voltadas ao público infantil surdo são fundamentais para proporcionar uma contação de história que a criança surda além de compreender mais, sinta desejo de fazer parte da narrativa. Isso pela ludicidade que foram supridas por meio destes recursos anunciados pelos narradores e demonstrados em nossa análise.
O ENSINO DE LIBRAS NA FORMAÇÃO DE ASSISTENTES SOCIAIS DE UMA INSTITUIÇÃO TRADICIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO: ASPECTOS CURRICULARES
Autor: Jonas Angelim
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: A partir de 2015, com a publicação da Lei nº 13.146 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) - muito se discute sobre a pessoa surda no que diz respeito aos seus direitos linguísticos e suas dificuldades diárias para atendimento em inúmeros serviços, por conta de sua língua distinta (a Língua Brasileira de Sinais). Para além dessa problemática inicial, buscamos neste trabalho trazer essa discussão especificamente para o atendimento de pessoas surdas no campo do Serviço Social. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo verificar como um dos cursos mais tradicionais de Serviço Social do país, oferecido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), aborda os direitos das pessoas surdas em seu currículo de formação de assistentes sociais. O critério de escolha para a análise curricular deste curso se deve ao fato deste ser o curso pioneiro de formação de assistentes sociais no Brasil, ao mesmo tempo em que, na mesma instituição, é mantida uma das mais tradicionais instituições de atendimento de surdos de São Paulo, a Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (DERDIC). Assim, como questão disparadora, propomos: a tradição da DERDIC no atendimento de surdos e famílias influenciaria, de algum modo, a proposta curricular de formação de assistentes sociais dessa instituição? A partir de um levantamento bibliográfico/documental e por meio da análise curricular do curso de serviço social, observamos que a proposta curricular da instituição analisada não apresenta explicitamente disciplinas relacionadas à formação de assistentes sociais mais preparadas/os para atender as necessidades das pessoas surdas em suas especificidades linguísticas (principalmente), o que impacta, de modo mais amplo, em ações que promovam maior inclusão social deste público.
RETRATOS DA PANDEMIA: REGISTROS FOTO/CARTOGRÁFICOS A PARTIR DE UM OLHAR INFANTIL SURDO
Autor: Jonathas Oliveira Dias
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: Este trabalho, de inspiração teórico-metodológica cartográfica, tem como objetivo principal dar a ver os sentimentos infantis das crianças surdas no momento da pandemia de COVID-19. Foi adotado o recurso fotográfico como forma de acesso à elaboração de imaginário infantil surdo nesse contexto, sendo que os pressupostos teóricos norteadores foram a perspectiva bilíngue/bicultural na compreensão da identidade e cultura surda e os estudos nas perspectivas pós-estruturalistas. A partir de um estudo de caso e a participação de uma criança surda no processo de criação fotográfica e imagética, embora o trabalho tenha tido como objetivo apresentar à criança surda um exercício de autonomia - em que ela pôde se apropriar da fotografia como ferramenta, como porta de diálogo e como possibilidade de enunciar-se - no encontro com as produções infantis surdas, pode-se perceber que são reproduzidos modos de fazer (de retratar e de narrar-se) ainda bastante pautados nas expectativas adultas/ouvintes, o que sugere que o trabalho com a fotografia ou a construção de narrativas imagéticas por parte das crianças surdas podem ser ainda mais exploradas como formas de elaboração e construção das narrativas de subjetividades infantis surdas, uma vez que embora a fotografia possa ser um recurso potente para isso, parece ainda ser pouco explorada no campo, por exemplo, da educação de crianças surdas.
DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA ATUAÇÃO DE INTÉRPRETES EDUCACIONAIS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Autora: Luiza Trindade da Silva
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: O presente trabalho compartilha as análises realizadas a partir da pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras/ Língua Portuguesa. A pesquisa teve como objetivo investigar os dilemas e as possibilidades da atuação de intérpretes educacionais nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, trazendo considerações da inclusão do aluno surdo na educação básica e o impacto dela na formação de tradutores e intérpretes de Libras. A pesquisa problematizou os dilemas desse processo por 3 aspectos: 1) a atuação do intérprete educacional demarcando sua função diante das relações articuladas entre professor regente e Intérprete Educacional (IE), 2) os desafios e as possibilidades de atuação do IE na educação básica e 3) os dilemas e criações de estratégias para interação com professores e alunos surdos na escola. Para responder essas questões foi realizado um levantamento bibliográfico de pesquisas que fundamentam os dilemas atuais da educação de surdos e a presença de tradutores e intérpretes como agentes de mediação entre professores, alunos surdos e o contexto escolar. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas com 2 profissionais intérpretes educacionais que atuam ou já atuaram na mediação interpretativa para surdos na educação básica, focando na educação básica. Espera-se que tais saberes possam auxiliar diretamente na formação de IE e nas suas práticas interpretativas e educativas com alunos surdos em contexto de inclusão escolar.
TRAJETÓRIAS, IDENTIDADES E NARRATIVAS: APROXIMAÇÕES DAS HISTÓRIAS DE APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS POR UM SURDO E UMA INDÍGENA OUVINTE
Autora: Marta Marubo Comapa
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: Tomando como aporte teórico os estudos da psicologia histórico-cultural e da educação bilíngue e a partir de um resgate da minha história pessoal como indígena bilíngue, falante de português como segunda língua, e de narrativas e testemunhos de uma pessoa surda falante de Libras como sua língua natural – e que também tem no português uma segunda língua – tenho como objetivos neste trabalho: 1) Relatar minha experiência no que se refere a aprendizagem da língua portuguesa; 2) Compreender a trajetória do surdo enquanto falante de Libras e, como o uso de sua língua pode resultar na formação de sua identidade e em sua inclusão social; 3) Analisar as duas experiências para compreender e refletir sobre os processos da valorização cultural e linguística das diferentes línguas desprestigiadas socialmente em relação ao uso da língua portuguesa no país. A pesquisa é relevante pois aborda duas perspectivas diferentes, a primeira é uma perspectiva de trajetória pessoal enquanto indígena falante da língua materna Pano, que estudou em uma escola não-indígena, na qual a língua de formação é o português, e como essas lacunas trazem reflexos sociais na (minha) constituição identitária e cultural; por outro lado, na segunda perspectiva, analiso a língua de sinais (Libras) e suas relações com o português, junto às experiências pessoais de um surdo escolhido para relatar sua trajetória, para evidenciar os fatores primordiais no fortalecimento de sua língua, identidade e processo histórico sociocultural. Desse modo, o objetivo do trabalho, ao traçar possíveis paralelos, foi realizar um exercício de aproximações e afastamentos dos estudos sobre apropriação de Língua Portuguesa como segunda língua por pessoas indígenas e pessoas surdas, somando à literatura dos Estudos Surdos mais especificamente e, de forma mais ampla, às discussões sobre educação bilíngue/bicultural no país.
A SAÚDE MENTAL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS EM SUA ATUAÇÃO NO CONTEXTO REMOTO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Autora: Suyene Pereira da Silva
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: Esse trabalho tem como objetivo investigar a atuação do profissional intérprete de Libras e suas especificidades frente à atuação no contexto remoto iniciado no período de pandemia de COVID-19, especificamente entre os anos de 2020 e 2021. Essa nova atuação trouxe alguns questionamentos acerca da saúde mental do intérprete de Libras, já que antes as atuações se davam majoritariamente de modo presencial. Desse modo, como uma tradutora intérprete de Libras em formação e que teve as primeiras experiências como intérprete de Libras nesse contexto (uma vez que até então não tinha experiência na atuação presencial), através de um percurso metodológico de cunho autobiográfico de análise de meu diário de campo durante meu período de estágio do curso de graduação, busquei apresentar sentimentos e pensamentos identificados ao longo das atuações, com o objetivo de discutir sobre os impactos do contexto remoto na minha atuação e na minha percepção subjetiva acerca das minhas atividades de interpretação. Percepções foram categorizadas através da análise de conteúdo, sendo que os resultados apresentados e discutidos apontam que, embora novas pressões e tensões tenham surgido na atuação em contexto remoto - impactando, portanto, na saúde mental -, alguns aspectos positivos também foram percebidos, indicando que pesquisas futuras podem se debruçar sobre a temática dos cuidados com a saúde mental para uma formação de tradutores e intérpretes de Libras que considere os elementos do contexto remoto a partir de agora, uma vez que aparentemente essa atuação foi expandida e parece que permanecerá mesmo após a reabertura das possibilidades do trabalho presencial.
#CASALIBRAS: ASPECTOS TECNICOS DE TRADUÇÃO DE LIBRAS PARA LÍNGUA PORTUGUESA NA MODALIDADE ORAL PARA CRIANÇAS OUVINTES
Autora: Thayna Thaysa Proença Santos
Ano de conclusão: 2022
RESUMO: A acessibilidade é um desafio imenso a ser conquistado quando idealizado uma sociedade inclusiva e com equidade de práticas sociais. Ao falarmos em acesso às informações ao público infantil surdo, esse desafio fica mais evidente. As produções em língua de sinais aumentaram nos últimos anos, mas ainda carece de análises de seu uso, tanto para crianças surdas, quanto para crianças ouvintes, as quais também devem ter acesso a interações em Libras, para o favorecimento de uma sociedade inclusiva. Como produção a essa finalidade, essa pesquisa objetivou compreender como se dá à interação e recepção de materiais em Libras pelo público infantil ouvinte. O presente trabalho foi desenvolvido em atendimento à exigência para finalização do curso de bacharelado em Tradução e Interpretação em Libras e Língua Portuguesa (TILSP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Portanto, a pesquisa refletiu sobre os desafios e as ações desenvolvidas por tradutores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras)/ Língua Portuguesa (LP) na promoção de acessibilidade linguística, na modalidade oral da língua portuguesa, às crianças ouvintes (filhas de surdos, com irmãos surdos e estudantes em escolas bilíngues Libras/LP) em uma atividade de extensão nomeada por #CasaLibras. Considerando a necessidade de avaliação dos caminhos dessa acessibilidade e a ação de TILSP com a acessibilidade ao público infantil ouvinte. A pesquisa se refere a um estudo qualitativo, com intuito de abordar a inclusão ou a falta dela, nos meios midiáticos, utilizando como dados metodológicos o projeto de extensão social mencionado #CasaLibras. Trata-se de um estudo de caso sobre a tradução na modalidade oral da língua portuguesa, em contexto que levanta os meios de comunicação infantis, os desafios profissionais desta atividade e a recepção dos materiais por este público. Os dados foram analisados com base nos autores dos Estudos Surdos. Os resultados poderão contribuir com novos conhecimentos sobre essas atividades e reflexões potentes para a formação de TILSP, área ainda muito nova no Brasil.